terça-feira, 5 de agosto de 2014

BRASILEIRÃO 2014 - SERIE B - LUVERDENSE

Dinheiro e planejamento deixam clubes de MT na vitrine nacional


Luverdense, Cuiabá e Operário vão bem nas Série B, C e D do Campeonato Brasileiro e fazem o torcedor mato-grossense acreditar novamente no futebol




O futebol mato-grossense vive uma nova era, que pode resultar em até três acessos inéditos para o esporte local, adormecido nas últimas três décadas. Se nos anos 70, Mixto e Operário figuravam na elite do futebol brasileiro, nas décadas seguintes caíram no esquecimento tanto de mídia quanto de público. 

Em 2014, ano que Cuiabá sediou quatro jogos da Copa do Mundo, as coisas mudaram já que Luverdense e Cuiabá - clubes novos - e, neste último momento o Operário, tem virado a chave e dando sinais de que podem reviver os tempos áureos do futebol em Mato Grosso. Antigamente, o jogo entre Mixto e Operário chegava a levar mais de 40 mil pessoas ao antigo Estádio Verdão, no duelo que ficou conhecido como “Clássico dos Milhões”, justamente por levar muita gente ao estádio. 

Com planejamento, persistência, investimento e aquele ar de Copa do Mundo que tomou conta do estado nos últimos quatro anos, essas três equipes estão com boas chances de continuar suas campanhas vitoriosas nas Série B, C e D do Campeonato Brasileiro. A Arena Pantanal tem ajudado os clubes, não só pela sua estrutura jamais vista no estado, mas pela presença de público até aqui com times locais. Na rodada dupla disputada neste domingo, com jogos do Cuiabá e Operário, mais de 12 mil torcedores estiveram presentes. Outras três rodadas como essa estão marcadas. A próxima será no dia 16 de agosto com Luverdense e Náutico, pela Série B e Cuiabá e Fortaleza, pela Série C. 
O Luverdense é o terceiro colocado na Série B do Brasileiro, à frente de times como Vasco, Ponte Preta e Portuguesa, que tem mais história, dinheiro e estrutura para disputar o torneio. Já o Cuiabá, é o vice-líder do grupo A da Série C do Brasileiro, e segue firme em busca do acesso à Série B, prioridade total no time. Por fim, o Operário, que mesmo após somente dois jogos, entra na balança já que venceu os dois jogos no grupo 6 da Série D do Brasileiro. 
LUVERDENSE E A SOJA

Criado em 2004 por amantes do futebol de Lucas do Rio Verde, cidade a 350 km de Cuiabá e com 52 mil habitantes, o Luverdense teve uma ascensão meteórica. Em 10 anos, disputa o acesso à Série A do Brasileiro, fato que não surpreende dirigentes, jogadores e comissão técnica. O dinheiro da soja e da criação de suínos, somados a empresas da cidade, bancam o time desde o início, que nesta temporada teve o incremento da cota de televisão. Lucas do Rio Verde é uma das cidades mais ricas do estado e uma das maiores produtoras de grãos do Brasil. 
Luverdense treina em Florianópolis (Foto: Assessoria/Luverdense Esporte Clube)Com 10 anos de vida, Verdão do Norte está na briga pelo acesso à Série A (Foto: Assessoria/Luverdense Esporte Clube)

- Muitos falam que não estamos preparados para subir à Série A, mas pensamos o contrário. Da mesma forma que estamos bem na Série B, podemos nos planejar para fazer bonito na elite. Claro que temos humildade para admitir que não esperávamos ter esse início tão bom neste ano, mas com o passar dos jogos e vitórias estamos adquirindo mais confiança e com cada vez mais certeza que temos time para continuar no alto da tabela - disse o gerente de futebol, Mayco Gaúcho. 

A equipe disputou seis edições seguidas da Série C do Brasileiro, até conquistar o acesso no ano passado, com a vitória sobre o Caxias-RS, em casa. Neste ano, foi vice-campeão estadual com a derrota para o Cuiabá, mas nada que abalasse a confiança da equipe. Reforços pontuais foram contratados como o veterano atacante Reinaldo e o meia Rubinho, que se juntaram ao atacante Misael. 
- Temos nossa base e nossa meta inicial é fazer a pontuação que nos mantém na Série B. Porém, estamos pensando jogo a jogo e pelo futebol que estamos apresentando, podemos sim ser o azarão nesse acesso. Nós acreditamos nisso e trabalhamos para isso - completou o treinador Júnior Rocha, que atuou no clube em 2009. 
CUIABÁ-EMPRESA

Assim como no Luverdense, dinheiro não falta no Cuiabá Esporte Clube, criado em 2001 pelo ex-atacante Gaúcho, ídolo do Flamengo. Extinto em 2006, a equipe foi comprada pela família Dresch, em 2009, dona de uma empresa de recapagem de pneus. Além disso, fazendas de gado garantem o reforço extra no caixa do clube. Com o incremento da Arena Pantanal, o time promete investir ainda mais, principalmente se conquistar o acesso à Série B. 

- Temos o pensamento fixo de conquistar logo esse acesso. Estamos em nossa terceira disputa de Série C e chegou a hora do Cuiabá figurar entre os grandes. Investimos pesado, damos todas as condições para os atletas e nossa campanha nos motiva a continuar o plano. Ter uma arena como essa na cidade, também ajuda na manutenção do nosso sonho - disse Cristiano Dresch, vice-presidente do clube. 
Cuiabá vai vencendo o CRB por 1 a 0 (Foto: Pedro Lima/ Cuiabá Esporte Clube)Cuiabá e Arena Pantanal: casamento que tem dado certo (Foto: Pedro Lima/ Cuiabá Esporte Clube)


O Centro de Treinamento do Clube está recém-reformado e conta com todos os mimos que o jogador gosta como internet e tv a cabo nos quartos, piscina, refeitório, vestiários e campo com medidas oficiais. Mesmo sem ter retorno financeiro, a família Dresch investe mais a cada ano no time, pois sabe que em um futuro próximo pode colher o que plantou. Para o treinador Luciano Dias, ex-zagueiro do Grêmio na década de 90, o Cuiabá tem potencial para ser um dos grandes. 
- É um time novo, mas com pensamento grande. Pela estrutura oferecida e pelo pensamento da diretoria, merece estar no mínimo na Série B. É para isso que trabalhamos muito.

Com a Arena Pantanal, o Dourado espera ter nela um de seus diferenciais para o acesso. Nos últimos dois jogos no estádio, quase 30 mil torcedores compareceram para acompanhar as vitórias sobre o Paysandu e o CRB-AL. 
OPERÁRIO E TRADIÇÃO

Criado em 1949, o Clube Esportivo Operário Várzea-Grandense é, ao lado do Mixto, o time mais tradicional de Mato Grosso. Disputou a Série A na década de 70, mas foi minguando à medida que os anos passaram. Chegou a ser desativado em 2002, dando origem ao seu primo genérico, o Operário Ltda. Mas, em 2013, o CEOV voltou e, com o terceiro lugar no estadual garantiu vaga na Série D do Campeonato Brasileiro. 

Várzea Grande, cidade separada da capital pelo Rio Cuiabá, abraçou o time e já conta com diversos patrocínios que garantem a folha salarial até o fim da temporada. Não possui muita estrutura física, mas tem na paixão de seu torcedor e na tradição, alguns dos trunfos para chegar à Série C. O destaque é o meia Ruy Cabeção, que dá o toque de qualidade ao meio campo do time, formado basicamente por jogadores locais. 
Ruy Cabeção fez o primeiro gol do Operário na Arena Pantanal (Foto: Robson Boamorte)Ruy Cabeção é o ponto forte do Chicote da Fronteira (Foto: Robson Boamorte)

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