quinta-feira, 28 de agosto de 2014

ARBITRAGEM

Os novos árbitros FIFA 2015

Estudo feito pelo Voz do Apito aponta pelo menos quatro mudanças entre os árbitros centrais no quadro FIFA. Daronco, Dewson, Luiz FLávio e Claus são os mais prováveis


Por: Pedro Paulo de Jesus
redacaovozdoapito@globo.com




Nunca antes na história da arbitragem brasileira o país do futebol esteve tão mal representado no quadro internacional. De norte a sul do país é gritante a falta de novas alternativas que façam com que o Brasil volte a ser reconhecido lá fora. Embora tenha direito a vinte vagas na FIFA, nesta temporada a CBF só indicou dezoito, tudo isso por conta das precoces aposentadorias de Wilson Luiz Seneme (teste físico) e Paulo César Oliveira (desmotivado), ambos da Federação Paulista de Futebol.

A pergunta que todos os amantes da arbitragem brasileira se fazem neste momento é: quem poderá substituir esses dois monstros sagrados do futebol nacional?

O quadro de aspirantes FIFA do Brasil é uma piada. Basta pegar os nomes indicados, para perceber que 80% estão ali mais por politicagem do que por qualquer outra coisa. Mas eis que pode estar surgindo uma pequena luz no fim do túnel, mas para que as coisas comecem a melhorar, a Comissão Nacional de Arbitragem precisa priorizar o critério técnico objetivando mudar radicalmente o panorama vergonhoso que aí está.

Há pelo menos quatro anos a arbitragem brasileira não tem um árbitro de ponta representando-a em uma Copa do Mundo. Após o fiasco de Sandro Meira Ricci no Mundial do Brasil apitando apenas jogos inexpressivos, se a situação internacional dos árbitros da FIFA não estava nada fácil, agora ficou ainda pior.

Carlos Eugênio Simon, Leonardo Gaciba da Silva e Sálvio Spínola Filho também se aposentaram precocemente e foi exatamente nessa época que a arbitragem brasileira acabou chegando literalmente ao fundo do poço. Basta pegar as escalas internacionais nos últimos cinco anos, para perceber o desprestígio internacional dos árbitros que compõem o quadro de árbitros da FIFA indicados pela CBF.

É exatamente por conta disso que mudanças urgentes precisam ser feitas. Sérgio Corrêa da Silva, Presidente da Comissão Nacional de Arbitragem precisa ter coragem e, sobretudo, pulso firme para radicalizar começando literalmente do zero. Não se pode tolerar árbitros do quadro FIFA passando nos testes físicos com míseros vinte tiros de cento e cinquenta metros. Se estão na FIFA significa serem os melhores, portanto precisam fazer por onde para que este patamar seja ainda mais valorizado.

Fazendo um estudo aprofundado na arbitragem brasileira, é possível afirmar que a safra é muito ruim, porém há alguns profissionais que precisam de uma chance. O quadro internacional em 2014 conta com oito árbitros centrais, dois quais 20% apitam com regularidade lá fora. Se a Conmebol não os está utilizando, não é justo continuarem na FIFA segurando o que se entende como “processo de renovação”.

As novas indicações 

O Rio Grande do Sul foi o estado que mais perdeu com suas baixas no quadro internacional. Aliás, com a recente aposentadoria do ex-árbitro aspirante FIFA, Márcio Chagas, os pampas ficaram literalmente sem um profissional de ponta que pudesse ostentar o escudo da FIFA. É por esse motivo que a Federação Gaúcha de Futebol tenta a todo custo emplacar o árbitro robô, Anderson Daronco, que embora seja frágil tecnicamente vive em todos os seus aspectos um momento muito melhor que o seu colega de Federação, Leandro Vuaden.

Um árbitro FIFA que consegue a proeza de ser indicado para uma Copa do Mundo, mas acaba desclassificado do processo de seleção por conta da sua ineficácia física, não pode continuar no quadro. Agindo assim, a Comissão Nacional de Arbitragem estaria premiando a sua inércia e falta de comprometimento com a sua própria carreira. Partindo dessa premissa, a saída de Leandro Vuaden não é mais uma questão de justiça, mas sim, de vergonha na cara.

Por outro lado não se pode esquecer que este árbitro tem sim seus méritos. Surgiu no futebol no fim da década de dois mil com apresentações consistentes. Porém o tempo passou e o que era uma promessa acabou ficando apenas nisso. Como o Rio Grande do Sul precisa renovar o seu quadro, nada mais justo que Leandro Vuaden saia da FIFA e Anderson Daronco entre em seu lugar.

Alguém teria coragem de contestar o “fato” de que o árbitro paraense Dewson Freitas é um dos três melhores do Brasil atualmente? É evidente que não precisa ser um especialista em arbitragem para concordar com essa narrativa, já que o seu exuberante desempenho técnico é gritante frente a tantos outros profissionais que vemos apitar por esses campos do Brasil.

A indicação de Dewson Freitas é um prêmio não só para o Pará e não só para a região norte do país. A promoção de Dewson Freitas ao quadro internacional é uma resposta da CBF ao Brasil de que definitivamente o critério técnico passou a ser o principal quesito para que os árbitros sejam indicados ao mais alto patamar de sua carreira.

Como bateu na trave duas vezes no processo de seleção para a Copa e recentemente foi reprovado no teste físico da FIFA, Héber Roberto Lopes por justiça deveria deixar o quadro entregando o escudo que ostentou com muita honra durante muitos anos, a essa grande realidade do futebol brasileiro que atravessa o melhor momento de sua carreira.

Tirar o Héber para colocar o Dewson para muitos soa como impossível, mas acreditando na nova filosofia de trabalho da atual Comissão Nacional de Arbitragem, se as chances antes já eram enormes, com a reprovação física do árbitro “catarinense” ficam ainda mais evidentes.

A não entrada de Dewson Freitas na FIFA neste momento será o maior erro de Sérgio Corrêa à frente da CA/CBF. Por outro lado como é um dirigente extremamente inteligente, o cartola paulista vai fazer com que a maior vitrine de sua primeira administração enriqueça o quadro internacional com suas brilhantes apresentações.

Wilson Luiz Seneme até tentou, mas nem mesmo todo o seu prestígio político o garantiu na FIFA. Foi evidente que fizeram um “justo” esforço para que ele não abandonasse a carreira, porém a exigência física de um árbitro internacional acabou vencendo uma antiga lesão que ele herdou dos tempos que jogava futebol profissional.

Com esse panorama, a entrada do também paulista Raphael Claus em seu lugar é praticamente dada como certa. Porém esse quadro pode mudar caso o aspirante FIFA de São Paulo não passe no próximo reteste físico que será submetido, já que no exame ocorrido no Rio de Janeiro esta semana, ele alegou uma contusão e optou não realizá-lo.

Paulo César Oliveira é sem dúvidas um dos maiores árbitros da história recente do futebol mundial. Mas o fato de ser negro acabou o impossibilitando ter dado saltos mais longos em sua vitoriosa e imbatível carreira no futebol. Como se aposentou dos gramados após ter que engolir a força a indicação de Sandro Meira Ricci, que nem de longe engraxa a sua chuteira, o agora ex-árbitro da FIFA resolveu abandonar a carreira em um tom de protesto por tanto descaso virando comentarista de arbitragem na TV.

Mas engana-se quem pensa que esse escudo sairá da família Oliveira, já que o seu irmão, Luiz Flávio, tem todas as condições para ser indicado ao quadro internacional. Apita como poucos, é um sujeito bastante respeitado no meio e fisicamente mostrou no teste físico de terça-feira passada que tem todas as condições para ostentar o escudo que esteve no peito de seu irmão por mais de uma década.

Anderson Daronco, Dewson Freitas, Raphael Claus e Luiz Flávio de Oliveira possuem reais chances de serem os próximos árbitros do quadro internacional. Essas indicações vêm de encontro a tudo que a Comissão Nacional de Arbitragem vem pregando. O perfil eles tem, mas o homem que pode afiançar essa promoção precisa dar um grito de liberdade tendo coragem de mudar esse panorama vergonhoso que aí está.

A situação do quadro internacional é tão ruim, que se a CA/CBF quisesse trocar sete, dois oito árbitros, poderia, restando apenas Ricardo Marques Ribeiro, que atravessa um grande momento. Mas como isso não irá acontecer, essas prováveis mudanças já seriam de fundamental importância para que a arbitragem brasileira reencontrasse a sua identidade.

Apostando que as mudanças sugeridas acima irão acontecer, o Voz do Apito divulga o que entende ser o mais justo ranking entre os 10 árbitros que poderão compor o quadro internacional na próxima temporada.




O que irá acontecer nós só saberemos em janeiro de 2015, mês em que a FIFA divulgará os nomes dos árbitros contemplados. Até lá vamos acompanhar o desempenho físico/técnico de todos esses profissionais com o intuito de continuar sugerindo mudanças que agreguem valor ao crescimento da atividade no Brasil.

O próximo estudo será sobre os árbitros assistentes. Se entre os centrais a situação é ruim, com relação aos auxiliares o panorama é muito pior.

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