quarta-feira, 27 de agosto de 2014

ARBITRAGEM

Jogador de time derrotado pede 
que jogo acabe antes, e juiz aceita

Árbitro atende solicitação de capitão faltando dois minutos para o fim em duelo pela 2ª divisão do Paraná. Comissão de arbitragem desaprova e promete "puxão de orelha"



A segunda divisão do campeonato paranaense já possui, pelo menos, uma boa - ou seria bizarra? - história para contar. No último domingo, na vitória de 3 a 0 do Cascavel para o Junior Team, o jogo terminou antes do previsto e a pedido de um dos times. O fato inusitado ocorreu nos acréscimos do segundo tempo, quando o capitão da equipe que era derrotada foi até o árbitro Rodrigo Milani Rosin e pediu para que encerrasse partida. Dois minutos antes do tempo previsto, o juiz olhou para o relógio, perguntou para os outros jogadores se aceitavam e apitou. 
Os 140 torcedores que estavam no estádio Éxaro Menck, em Sertanópolis, no norte do Paraná, nem devem ter notado a falta de dois minutos, mas a história está registrada na súmula da partida publicada pela Federação Paranaense de Futebol (FPF-PR) e foi encontrada pelo blogueiro e jornalista da Gazeta do Povo, Leonardo Mendes Junior. 
Nas observações feitas por Rosin na súmula, ele escreveu que definiu cinco minutos de acréscimo, mas, com três minutos do tempo, o capitão do Junior Team, com os demais jogadores, pediram pelo fim. Como a vitória do Cascavel estava consolidada, e quem perdia demonstrou desinteresse pelo jogo, o árbitro disse que não viu por que não encerrar a partida. No texto, Rosin ainda escreve que os jogadores disseram que o tempo complementar "não adiantava em nada".

súmula segunda divisão paranaense juiz termina jogo antes do fim (Foto: Reprodução/Federação Paranaense de Futebol)Súmula escrita pelo árbitro: "Capitão da equipe e os mais companheiros pediram, pois para eles não adiantava nada"  (Foto: Reprodução/Federação Paranaense de Futebol)

- Um fato normal. O jogo estava 3 a 0 e a dois minutos de acabar. Ele (o capitão) veio e disse que podia acabar, que não ia mudar mais nada. Eu apitei. O que poderia mais acontecer? - disse Rosin, em entrevista por telefone. 
Morador da cidade de Arapongas e árbitro formado há cerca de oito anos, Rosin tem experiência nos jogos de segunda divisão do Paranaense. Ele argumentou que a decisão foi tomada na possibilidade de que esses dois minutos pudessem ser o suficiente para que alguma confusão ocorresse em campo. 
- É preciso ver pelo lado preventivo. Nesse tempo podia acontecer um lance mais nervoso, um jogador tirar um sarro de outro e, aí sim, termos um problema. Como os dois times aceitaram e, dois a mais ou dois a menos, não ia mudar o jogo. Se fosse do outro time (que estava ganhando), claro que não ia acatar.    
O presidente da comissão de arbitragem do Paraná, Afonso Victor de Oliveira, não estava ciente do caso e ficou surpreso com o ocorrido. Para ele, o árbitro Rodrigo Milani Rosin não atendeu as regras de jogo e tomou uma atitude equivocada.
Rosin vai levar um puxão de orelha, árbitro não pode ficar ouvindo jogador de futebol. 
Afonso Victor de Oliveira
- Não sabia desse caso mas é claro que ele não agiu como deveria. O número que foi mostrado tem que ser cumprido, ele não pode antecipar. O que pode acontecer é prolongar para mais e não para menos. O árbitro equivocou-se. Ele não atendeu a regra do jogo - declarou.  
Espantado com a conduta de Rosin, Afonso cogitou possíveis situações de jogo que poderiam alterar o contexto das equipes tendo em vista todo o campeonato e garantiu que o árbitro será repreendido pelo procedimento impróprio que a função exige. 
- Tudo pode acontecer. Um jogador poderia ser expulso, um gol do Junior Team poderia alterar seu saldo de gols e isso lá na frente poderia fazer a diferença. Futebol é futebol, tudo pode acontecer. Ele vai levar um puxão de orelha, árbitro não pode ficar ouvindo jogador de futebol. Ele merece uma repreensão, não vou deixar batido - finalizou o presidente. 
O diretor de futebol do Junior Team, Ariobaldo Frisselli, também não estava ciente do caso e durante a entrevista consultou um assessor para confirmar o ocorrido. Diferente do presidente de comissão de arbitragem, o dirigente não condenou atitude do árbitro, e sim, a da equipe dentro de campo, que foi goleada pelo Cascavel. 
- Eu não sabia disso, mas não ia mudar em nada o resultado. Nós temos que fazer a nossa parte e ao invés de ficar pensando em dois minutos a mais ou a menos. Não cabe a nós questionar o árbitro, e sim a nossa equipe que jogou mal e não conquistou o resultado - analisou o dirigente da equipe derrotada. 
A vitória do Cascavel colocou o time na liderança do Paranaense, com 13 pontos. O Júnior Team é sexto colocado, com cinco pontos. 

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