Sheik critica diretoria "incompetente": "Quem vende sonho é padaria"
Por GloboEsporte.comRio de Janeiro
Em entrevista ao jornal "Extra", atacante diz que "ninguém é idiota" ao comentar situação do clube, mas garante permanência até dezembro
O atacante Sheik, fazendo jus à fama de não ter papas na língua, detonou a diretoria do Botafogo, tratando-a como incompetente, em entrevista ao jornal Extra. Criticou o não cumprimento de promessas e afirmou, que, caso não estivesse sendo pago pelo Corinthians - detentor de seus direitos econômicos -, deixaria o Glorioso. Mesmo assim, garantiu permanência até pelo menos dezembro. O time, que enfrenta o Cruzeiro neste sábado, às 18h30m, no Maracanã, está com três meses de salários e cinco de direitos de imagem atrasados.
- Quando cheguei aqui, fui muito bem recebido. Não tenho nada a dizer. Mas com o passar do tempo, vi situações que não alegram, não trazem benefício, não agregam. Vi promessas não cumpridas. Datas, prazos e nada por salários. No dia acertado, todos ficam esperançosos. Depois, no dia, vem a desilusão. Isso cansa. Ninguém é babaca. Ninguém é idiota. Sou a favor da verdade. Quem vende sonho é padaria. O atleta quer verdade. O planejamento do Botafogo não pode ser o mesmo do São Paulo. São números diferentes - criticou.
Emerson Sheik está muito decepcionado com o Botafogo (Foto: Satiro Sodré/SSPress)
Apesar de todos os problemas relatados, o atacante vê um bom ambiente entre os componentes do grupo e credita tal situação em boa parte à comissão técnica alvinegra.
- Com toda a incompetência da diretoria, ainda temos um grupo de homens, atletas, jogadores. Diante de toda essa confusão, conseguimos nos respeitar. A comissão tem mérito. Vivo uma situação particular. Quando saí do Brasil,tive passagens pelo Japão... Minha história é bacana. Com conquistas. Por Flamengo, Fluminense, Corinthians. O Botafogo seria o clube que me daria momento de tristeza. Mas não. Tenho aprendido muito. Só havia vivido a felicidade do futebol. E o Botafogo me levou para uma realidade diferente. Estou amadurecendo aos 35 anos. É lógico que eu não desejo isso para a vida de ninguém. Mas o ambiente de trabalho, mesmo sem a diretoria conseguir pagar, sem honrar os acordos, é bom. Mas ninguém quer passar por isso - afirmou.
O jogador cobrou sinceridade do presidente Maurício Assumpção em relação aos acordos feitos com os jogadores.
O jogador cobrou sinceridade do presidente Maurício Assumpção em relação aos acordos feitos com os jogadores.
- Ele foi um lorde comigo, um gentleman na chegada. E não o conheço pessoalmente. Mas algumas coisas me deixaram triste. Falta de atitude. Em certos momentos, você não pode estender um problema. A minha postura é clara: tem um mês de trabalho, paga. E não se deixa atrasar três meses para pagar um. Mais vale a verdade que doa do que a mentira que iluda.
Questionado sobre o risco de debandada devido aos atrasos (três meses de salário, cinco de contrato de imagem e FGTS), Sheik diz que sairia caso estivesse passando dificuldades. Como é pago pelo Corinthians, assegura ficar no clube pelo menos até dezembro.
- Eu, Emerson, com família, mulher, filhos, sairia. Tenho família, contas a pagar. Mas olha bem: não fico induzindo a ficar ou sair. Isso é muito pessoal. Não posso dar minha opinião. Cada um tem sua própria vida. Minha situação é um pouco diferente. Eu recebo do Corinthians. O Corinthians me paga. E, assim, o dia que era para ser de alegria é o de maior tristeza. Eu sei que todo dia cinco o meu salário cai na conta. E aqui? Sei que a maioria aqui não. O Julio Cesar é meu amigo, um irmão. Fico pensando nos filhos dele, na mulher dele, na roupa, como estão se vestindo. E a dos outros? É f... Eu tenho propostas, sim. Mas sou homem. Não vou sair agora. Até dezembro eu fico.
Emerson, ainda que resignado, deu a entender que vem emprestado dinheiro a alguns de seus companheiros.
- É chato falar disso, não quero. O futebol é a oportunidade de o moleque sair da favela, do meio do tráfico e sonhar. Você vai do lixo ao luxo. E nem todos são extremamente ricos, como pensam. Nos clubes em que joguei no Brasil, os jogadores, na maioria, tinham conforto. Aqui, estou vendo atletas com dificuldades de botar gasolina. Nunca vivi isso. Mas não esqueço de onde eu saí. A molecada está sem receber. E não recebe salários astronômicos. São três, cinco meses. E tão importante quanto o dinheiro é o carinho. O ser humano espera uma palavra de apoio, conforto, carinho, uma esperança. Óbvio que precisa de grana para pagar contas. Supermercado não aceita carinho.
Questionado sobre o risco de debandada devido aos atrasos (três meses de salário, cinco de contrato de imagem e FGTS), Sheik diz que sairia caso estivesse passando dificuldades. Como é pago pelo Corinthians, assegura ficar no clube pelo menos até dezembro.
- Eu, Emerson, com família, mulher, filhos, sairia. Tenho família, contas a pagar. Mas olha bem: não fico induzindo a ficar ou sair. Isso é muito pessoal. Não posso dar minha opinião. Cada um tem sua própria vida. Minha situação é um pouco diferente. Eu recebo do Corinthians. O Corinthians me paga. E, assim, o dia que era para ser de alegria é o de maior tristeza. Eu sei que todo dia cinco o meu salário cai na conta. E aqui? Sei que a maioria aqui não. O Julio Cesar é meu amigo, um irmão. Fico pensando nos filhos dele, na mulher dele, na roupa, como estão se vestindo. E a dos outros? É f... Eu tenho propostas, sim. Mas sou homem. Não vou sair agora. Até dezembro eu fico.
Emerson, ainda que resignado, deu a entender que vem emprestado dinheiro a alguns de seus companheiros.
- É chato falar disso, não quero. O futebol é a oportunidade de o moleque sair da favela, do meio do tráfico e sonhar. Você vai do lixo ao luxo. E nem todos são extremamente ricos, como pensam. Nos clubes em que joguei no Brasil, os jogadores, na maioria, tinham conforto. Aqui, estou vendo atletas com dificuldades de botar gasolina. Nunca vivi isso. Mas não esqueço de onde eu saí. A molecada está sem receber. E não recebe salários astronômicos. São três, cinco meses. E tão importante quanto o dinheiro é o carinho. O ser humano espera uma palavra de apoio, conforto, carinho, uma esperança. Óbvio que precisa de grana para pagar contas. Supermercado não aceita carinho.
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