Bomba na arbitragem carioca
Insatisfeito com metodologia de trabalho, Péricles Bassols deixa o Rio e passa apitar pela Federação Pernambucana de Futebol
RIO DE JANEIRO - O árbitro da FIFA Péricles Bassols Pegado Cortez não apita mais pela Federação Carioca de Futebol. Depois de uma longa negociação com a Federação Pernambucana, Bassols não só aceitou o que lhe foi proposto, como já começa a atuar no início do Campeonato Brasileiro deste ano representando a terra do frevo nos campeonatos em que for designado.
A informação, confirmada por amigos próximos de Cortês, pegou à todos de surpresa, inclusive o Presidente do Comitê de Árbitros da FFERJ, Jorge Fernando Rabello, que até o contato da nossa reportagem, não sabia da “novidade”. Segundo fontes do Voz do Apito na cidade maravilhosa, Bassols está deixando a Federação ao qual apita desde o início da década de dois mil por dois motivos: não comunga da filosofia de trabalho do chefe do apito carioca e quer lutar, em outro estado, pela manutenção do seu escudo internacional.
Indagado sobre a saída de um dos principais árbitros do seu quadro, Rabello mostrou-se surpreso, porém agiu com naturalidade ao saber da decisão de Bassols. Para o dirigente carioca o ‘mercado do apito’ tem se tornado cada vez mais presente no futebol brasileiro, algo que deixa a FFERJ envaidecida por ser pioneira na formação, qualificação e manutenção de árbitros preparados para apitar em qualquer competição do mundo.
Este ano, no Campeonato Carioca, Péricles Bassols apitou somente três partidas oficiais ao longo do estadual, número considerado “baixíssimo” para um árbitro da FIFA. Um dos motivos é a antipatia de alguns clubes em relação ao seu nome, principalmente o Vasco da Gama, que classificado para a final com o Botafogo, já solicitou à FFERJ a não inclusão do nome de Péricles Bassols no sorteio.
Em contato com o jornalista Pedro Paulo de Jesus na noite de ontem, Bassols limitou-se a negar que tivesse algo “concreto” em relação a sua mudança de Federação, porém não descartou a possibilidade já que é comum o assédio de outras Federações por árbitros internacionais.
Nós procuramos alguns dirigentes da Federação Pernambucana de Futebol para que eles pudessem comentar o assunto, porém nenhum deles foi encontrado.
Rio de Janeiro fica sem árbitros centrais na FIFA
A saída de Péricles Bassols do Rio deixa uma das Federações que reconhecidamente mais investem em arbitragem no país, sem nenhum escudo FIFA (árbitro), algo inédito em sua história. Diferente do que acontece com os escudos da “CBF”, onde as Federações indicam quem ganha ou perde, em relação aos árbitros internacionais há uma flexibilidade sobre as vagas, algo que abre margens para que mudanças semelhantes como essa ocorram.
Sabedor de que agora precisará ter um plano B preparado para tapar o buraco "internacional" deixado com a saída de Bassols, Jorge Rabello já colocou em prática um plano audacioso, mesmo sem suspeitar que essa mudança ocorreria. A ida de Wagner Reway para o Rio de Janeiro pode amenizar essa situação, caso no fim desta temporada, o árbitro mato-grossense seja promovido ao quadro internacional.
Mas se por um lado há um certo otimismo em relação à promoção de Reway, por outro existe uma desconfiança em relação ao panorama encontrado na cidade maravilhosa, já que a FFERJ pela primeira vez passa a contar com uma remota possibilidade internacional, mesmo tendo árbitros de potencial no quadro para a “vaga”.
O que Péricles Bassols agregará em Pernambuco?
A Federação Pernambucana de Futebol tem um conceito bem próprio em relação a arbitragem: sem investimentos pesados não há resultados. É esse o pensamento de Evandro Carvalho, chefe da entidade. Sabedor de que precisa ter árbitros de qualidade para elevar o nível de suas competições, o gestor foi ao mercado e levou para o estado peças importantes da arbitragem brasileira para a reformulação de seu quadro. Primeiro contratou Salmo Valentim, um dos administradores mais conceituados e respeitados do futebol para comandar o Comitê de Arbitragem. Em seguida, trouxe Sandro Meira Ricci, último árbitro brasileiro numa Copa do Mundo para apitar no estado.
Essas duas contratações causaram um impacto positivo no país. Por esse motivo, com a saída de Meira Ricci, Pernambuco continuou apostando em profissionais de alto nível e acabou levando Marcelo de Lima Henrique, um dos mais populares árbitros do país, para o seu lugar. Em função da lesão do árbitro carioca, Bassols, que estava insatisfeito com o andar de sua carreira no Rio, articulou-se e com isso acabou sendo a bola da vez.
Embora tenha inegáveis qualidades: físicas e técnicas, além de um currículo respeitável no futebol, Péricles Bassols é conhecido por ser para-raios de problemas e, pra apitar em Pernambuco, vai precisar reinventar a sua forma de atuar. Primeiro terá que procurar apitar de forma mais discreta, evitando ser a vedete do espetáculo. Em seguida, terá que repaginar a sua carreira internacional, sobretudo com Wilson Seneme, que segundo fontes, ficou descontente com a última apresentação de Bassols na Copa Libertadores.
Agregado a isso, caberá a Federação Pernambucana de Futebol colocar todos os mecanismos a disposição, para que o agora ex-árbitro carioca, possa agregar valores e com isso ser mais uma alternativa importante para que o estado de Pernambuco continue sendo vitrine e não se torne uma vidraça.
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